Walk on

Último dia. Mesa cheia na churrascaria, tanto que foi meia hora pra todo mundo pagar a conta. É bom estas coisas, ver gente que normalmente não sai da toca ir até lá porque é o “ultimo almoço com a Sula”.
Aprendi horrores aqui, tanto tecnicamente quanto profissionalmente. São coisas distintas, uma coisa é ter aulas com programadores de décadas, outra é ter lições de como as coisas funcionam no meio corporativo. Foi bom enquanto durou. Já faz tempo que eu aprendi que no ínicio toda empresa é maravilhosa, é aquela lua de mel, depois as coisas entram na rotina. Apesar de tudo, foi a melhor até aqui. Mas ficar criando teia nunca foi minha praia.
Estou deixando a Cyclades, depois de um ano e oito meses como “Projetista de Software”(inventam cada nome chique pra programador né?). E minha próxima parada é NT-UX, de volta as consultorias de redes, Linux, segurança, Unix. Do lado de casa, oia que chato, nem busão, nem metrô, nada. Estou empolgada com as possibilidades e novos projetos. Mal vejo a hora de por a mão na massa, como eu falei “o impossível a gente faz, milagre precisa de um pouco de tempo”. Um brinde à mudança 😀

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Segunda feira

Dia cinza na cidade cinza.
Tarefa hérculea deixar a cama nestes dias, tão sonolenta que nem liguei o micro pra checar mails antes de sair. Fim de semana povoado por pesadelos, que coisa estranha. Ou outros sonhos cheios de simbolos e situações e pessoas mal resolvidas, eu e a minha impaciência implodindo quarteirões. Estes dias ouvi uma frase que é a minha cara, ou você é estrada ou é rolo compressor. Não é por mal, quando eu me dou conta já foi. Bom, já foi, vou melhorar da próxima.
Telefone tocando insistentemente em algum ponto da empresa, não sei onde e não parece querer desistir tão cedo. Fujo pro fone de ouvido. “And they say that a hero could save us, I not gonna stand here and wait”. Eu já fui, não estou mais presente aqui, me sinto enjaulada a cumprir formalidades, logo eu.
Vai ser um longo dia…

Eu amo a TPM

O casamento é uma prisão?
Nem discuto isso porque para mim é a coisa mais evidente do mundo. Aliás, você jura diante de Deus, das testemunhas, que vai amar até o fim da vida. Não tem cabimento uma coisa dessas.

E isso é impossível?
Não acho impossível, mas acho impossível jurar isso. Como é que posso prometer uma coisa dessas? Tinha que ser: “Estou amando você, vamos fazer força para durar”. Agora, “Juro que vai durar a vida toda?”. É a repressão matrimonial. Ou seja, falamos da repressão sexual e agora da matrimonial, que é seguida pela repressão maternal.

Por trás disso existe um culpado?
Somos todos culpados. Porque você que se diz liberal está olhando para a sua amiga e se ela for meio galinha você é a primeira que dirá: “Olha aquela lá, que coisa”. Somos todos policiais do sistema. Todos vigiam todos para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer. Somos todos carcereiros e prisioneiros.

E hipócritas?
Claro. Claro. Claro! Estou julgando o outro por algo que eu gostaria de fazer. Não só gostaria, como faz. Escondido. E mente. E diz que não.

Qual a solução?
Acho que sinceridade é a única solução que existe. Desde muito cedo: “Olha, gosto muito de você, mas enquanto nossa ligação nos proíbe de qualquer movimento amoroso você é meu inimigo. Então, se você não quiser ser meu inimigo, se eu tiver uma outra chance amorosa de boa qualidade, eu concilio”. Que o amor não seja uma prisão recíproca, porque ele se transforma imediatamente em exigências implícitas.

O que impede que nos amemos?
Primeiro: as diferenças sociais. Isso gera revolta, ressentimento, depressão. A nossa trama social é envenenada. Preciso ter certeza de que você não vai me machucar, somos extremamente defensivos, desconfiados, ansiosos e medrosos. A segunda fonte de separação nas pessoas vem da sua infância. Qual é a palavra que criança mais ouve? “Não”. Quase tudo que é espontâneo e livre não pode. Esses dois fatores tornam o homem desconfiado e incapaz de amar. Está esperando a hora que o outro vai machucá-lo. Esse é o contexto que torna o amor tão difícil.

Leia na Tpm # 48: Gaiarsa fala sobre monogamia, o médico austríaco Wilhelm Reich, explica o que é repressão maternal e reflete sobre o tema central desta edição: consumo

E altamente recomendada a coluna da Mulher Solteira deste mês: “Como é deliciosamente charmoso um homem sensível e vulnerável… “

Ana e o mar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar… mar e Ana
Historias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar… mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar…

(Ana e o Mar – Fernando Anitelli)

Eu votaria NÂO

Mas pra variar perdi o prazo para transferir o título, e não vou poder viajar para votar. Alias, concordo com a Veja, foi uma pergunta muito bem escolhida a do referendo. “Você é a favor da proibição do comercio de armas?”. Proibição e armas, forte né? E se a pergunta fosse “Você é a favor de perder seu direito de se defender?”
Eu votaria Não. Não acho que proibir o comércio de armas vai diminuir, pelo contrário, vai aumentar nossa insegurança. Assaltantes preferem casas vazias pois pode ter alguém armado na casa. Com a proibição, eles vão saber de antemão que ninguém tem uma arma lá. Eu gosto de morar em apto por me sentir mais segura sabendo que tem uma portaria, com empresa de prestação de serviço. Com a proibição, o segurança não pode mais portar arma.
Bandido não vai deixar de ter arma porque é proibido. Ele já está fora da lei, porque cumpriria esta?
Acidentes acontecem com remédios, com produtos de limpezas, com vidro. Vamos proibir isto também? Ou será que os assaltos frustrados não geram notícia?
Quem fica desarmados somos nós. Brasileiro é um povo pacífico né? É um povo bundão, isto sim. Morre de medo de se incomodar. Nunca pensa um segundo antes de falar. Mas tem saída sim. O aeroporto.
Que país é este…

Forum Cearense

Acabo de chegar de uma delicada viagem de 5hs de Fortaleza, Ceará, direto do II Fórum Cearense de Software Livre. Fui fazer a palestra “Linux é coisa pra macho? As mulheres e o software livre”, e estou encantada. A cidade é linda, o povo também é lindo e maravilhoso. Fui super bem tratada, cuidada, mimada 😀 e me diverti bastante. Pena que não consegui ficar muito tempo com o pessoal do Slackware Ceará, mas eu estava precisando de colo do meu pai postiço, Julião Neves. A palestra foi ótima, tinha até tradução simultânea em linguagem de sinais, muito show. O pessoal super receptivo, e como eu falo, as coisas estão realmente mudando, 27 por cento dos inscritos no evento eram mulheres, e estavam em peso na minha palestra. A Mariana Freitas tava tremendo só pra ir lá na frente me apresentar, mas acho que agora já viu que não dói tanto assim 😀
Depois vi a palestra do Julio e a do Punk, mas como eu já vi as duas, tirei alguns cochilos, afinal cheguei lá as 2 e meia da manhã e acordei as 7. Depois fomos beber, básico, e comer camarão, lula e cavaquinha. Fiquei de frente pra praia de Iracema, que embora não seja recomendável para banho é linda, acordar de manhã e ver aquele marzão na janela é maravilhoso. Na ponta da praia tem umas barracas onde a gente comprou camarão e foi fritar num outro restaurante ali perto, tomando cerveja. Ah, tem uma sorveteria maravilhosa também, ali na ponta. Putz, queria ter comprado algum colar de madeira, esqueci :-/ mas beleza. Hoje de manhã fui na praia do Futuro, na frente do CrocoBeach, acho que é isto o nome, curar ressaca na areia. É, acho que eu to precisando, carangueijo muito tempo longe da água resseca…
Enfim, adorei a cidade, adorei o pessoal, pena que durou pouco. Mas tenho certeza que outras oportunidades virão. É uma cidade que me pareceu ótima, como Floripa deveria ser. Talvez eu esteja cansando de São Paulo… quem sabe…
Ah! Levei meu Konqui, o Patrick, mas esqueci a máquina. No meu vôo, veio o Derico do Programa do Jô. Quando chegamos a São Paulo, eu cruzei com o Falcão do O Rappa saindo de outro vôo. Cara, que gelo, nunca tinha encontrado um artista que eu realmente gostasse, eu adoro O Rappa. Que belo dia pra esquecer a camera, puta que pariu. Sim, eu ia fazer tietagem na caruda, com certeza. Mas engraçado, dá muito mais vergonha de fazer tietagem com um cantor do que sair correndo atras do Eric Raymond pra tirar foto com ele, e no fim o cara virou da turma. Como será se um dia eu conhecer Linus Torvalds? E foi uma adrenalina que custou a passar, agora eu entendo fãs, se eu tivesse conhecido Renato Russo acho que choraria. Bah, O cara faz falta…

Acelera!

Calma… Porque? Tudo passa, daqui nada se leva, nada é pra sempre. Então porque não ter pressa? Porque contemplar, aguardar, pensar 2 vezes, porque esperar? Porque não tudo agora, já, neste instante. Se a vida é curta, se no fim minhas escolhas todas tem 50%, porque não otimizar, responder, arriscar? Sofre-se menos? Não doem iguais as lágrimas do que poderia ter sido, teria sido menos intenso por não ter sido eterno? Não creio em nada eterno a não ser a mudança. Sou um carangueijo acostumado as marés, a sobreviver em sua toca apesar das tempestades. Elas me machucam, me ferem e me fazem ferir. Mas nem estas feridas são eternas. Algumas cicatrizes esmaecem, e dão chances para as mesmas marcas reaparecerem, aquelas que achamos que havíamos aprendido a respeito. Ou achamos que não tinhamos mais inocência. Besteira. Se nada é eterno, nem a lembraça do que doeu dura pra sempre. Então… porque a marcha lenta?
Devia ter complicado menos, me importado menos com problemas pequenos… mas não deixei de fazer o que queria fazer. Arrisquei, amei, chorei, errei. Mas fiz. Não tem “e se”. Tem foi e não foi. “E se” não!

“Saí com tanta pressa
Que larguei meu anjo da guarda por lá
Me sento na rua em frente as horas
Como a qualquer hora
Assim mesmo eu sou
Sou de qualquer jeito nem tudo eu respeito
Pra onde for o vento eu vou”