Mas não consegui cumprir a promessa que fiz pra mim mesma.
Eu havia decidido, este ano não vou me meter em nada. Eu sei que vai ser uma guerra, mas não vou me meter. Não vou me manifestar, não vou falar nada. Nem quando começarem o palanque para eleição dizendo que “este governo e o PT sempre apoiaram o Software Livre, vocês precisam votar nele para que não seja desmontado o que foi feito”. Eu jurei que ia sumir e rezar… mas não dá.
São Paulo vive um dia inacreditável. A cidade sim, está um caos. Embora o trajeto da minha casa(Metro Paraíso) para o trabalho(São Caetano do Sul) tenha sido relativamente normal, devido aos inúmeros caminhos alternativos que o motorista tomou, dá pra ver a cidade inteira parada, engarrafada. Agora pouco o gerente recebeu um telefonema do irmão dizendo que o PCC mandou parar os fretados. Eu não entendo ainda o que é que eles querem desta vez, apenas mostrar poder? Bem que podiam querer parar todo mundo para dizer “olha, não temos nada a ver com aquele povo lá de cima viu?”.
Mas o que todo mundo viu é que não há comando. Não tem comandante, não tem controle. Está todo mundo pasmo. Não acho que isto vai ficar assim, não acho que vá virar o Rio. A diferença daqui com o Rio é que lá so morrem pessoas, e os prejuízos pro comercio são contabilizáveis. Aqui, se fossem só as pessoas que morreram, provavelmente não se faria nada. Mas imagino que os prejuízos financeiros aqui sejam bem maiores.
Isto depois de um fim de semana onde tomamos bala perdida na briga da Veja e PT, me deixaram num mau humor que há tempos não sentia. A reportagem da Veja diz que a “opção pelo software livre atrasa o país” foi, obviamente, direcionada ao governo. Ou melhor, ao desgoverno que atualmente tem o país. E o mais patético são as respostas: “isto é reportagem comprada”, “a Veja é comprada”, “isto é FUD”. Eu não aguento mais esta desculpa esfarrapada, fajuta, sem vergonha, deste povo que passou anos enchendo o saco dizendo que faziam alguma coisa, que esta corja de “articulistas” serviam pra alguma coisa além de aumentar o cabide de empregos. E agora eles se mostram tão inúteis quanto qualquer um previu: 3 dias depois da reportagem, ninguem sabe montar uma resposta decente. O que me leva a crer que por mais que doa, por mais que eles estejam arruinando o meu e o trabalho de muitos durante anos, nos quais mostramos as vantagens técnicas, financeiras, de viabilidade, de planejamento e melhores práticas, além das questões filosóficas, eles conseguiram cagar tudo. A exemplo dos lá de cima, foram com tanta sede ao pote que provavelmente acharam que um bando de nerd que dava seu trabalho de graça só podia ser besta, e que seria massa de manobra fácil.
Bom, eu não sou massa de manobra. Eu não quero o dinheiro dos meus impostos indo para a Microsoft, mas também não o quero desviado pro bolso destes corruptos. Estamos sendo avacalhados em rede nacional, estão nos chamando de bestas, nesta de que ninguem sabe, ninguem viu, é tudo complo da imprensa, a Veja quer nos destruir. Chega de demagogia, chega desta palhaçada. Eu não sou massa de manobra, eu não compactuo com esta pouca vergonha.
“Primeiro eles vieram buscar os comunistas. Não falei nada, porque era comunista.
Então, eles vieram buscar os judeus. Nada falei, porque não era judeu.
Depois, vieram buscar os operários, membros dos Sindicatos. Nada falei, porque não era operário sindicalizado.
Então eles vieram buscar os católicos e não falei nada, porque sou protestante.
Finalmente, eles vieram me buscar – quando isto aconteceu, não havia restado ninguém para falar”.
Matin Niemoeller, pastor alemão, sacrificado pelos nazistas
E se alguém fala… é troll
Não é “descente”, Sulamita. É “decente”. Aqui entre nós.
Argh… ando vendo o Lula demais na TV…
É… além de troll somos o povinhos “do contra”, que nunca está contente com nada, mas quando alguma coisa que eles façam enche nosso bolso (to esperando até agora a minha parte nisso) somos os primeiros a dizer que fomos nós quem fizemos. Pois é… ouvi essas asneiras hoje, mas nem posso recriminar o infeliz que me disse essa, ele está tão desgostoso quanto eu ou até mais, afinal ele votou no operário, eu não…
Não que levemos crédito pelas façanhas de alguém, mas fazemos nossa parte, ao invéz de criar um evento gastando alguns milhares de reais para mostrar um paspalho vendendo seu autógrafo, fazemos o que deve ser feito, fazemos nossa parte, instruindo, divulgando, e até filosofando sobre software livre, mas não cobramos isso de ninguém, fazemos porque gostamos, porque amamos nossa profissão.
Está cada vez mais difícil, mas não deixemos cair as armas lutemos até o fim.
“Levantai-vos irmãos de armas, avante!!! Marchemos para a morte, mas que seja ao menos uma morte digna de ser lembrada pela história, marchemos não com olhos na derrota, visemos apenas a vitória e que os inimigos estejam avisados, derrubaremos uma centena cada um de nós antes de nossa queda!” (Sargento Antonio Gomes Peçanha – 1996 – II Grupamento de Selva – Amazonas – BR)
Fui apresentado a essa frase do Matin Niemoeller há um tempo atrás.
Venho usando desde então para tentar convencer as pessoas a defenderem seus interesses. Mas não é nada fácil.