Palestra em Barcelona

Fotos! Fotos!

Sábado foi minha palestra no Hangar, que fica em uma área industrial que estão tentando recostruir. É um lugar grande onde abrigam uma série de projetos, pelo que entendi, e estes estão tentando impedir a demolição. A convite da Radio Paca, esta foi a primeira vez que palestrei para gente não técnica, e que me vi no meio de tanta gente “alternativa”, que estuda sociologia, linguas, comportamento, cyber punk… havia uma peruana, uma argentina, chilena, alemã, catalã(que me explicaram que principalmente tão perto das eleições tem sua identidade mais acentuada de catalães antes que espanhois). Sim, todas mulheres, o único homem era Hector que estava me acompanhando. E a palestra foi em portunhol, que me disseram que estava bastante fluído no começo mas ao final, um pouco cansada, estava mais difícil e predominantemente em portugues. Afinal, foram três dias difíceis, de pouco sono, pouca alimentação e lembranças do porque tirei férias da rotina insana de eventos fora do horário de trabalho.

A palestra foi um pouco diferente porque apenas algumas do público sabiam o que era software livre/open source, e as que sabiam não entendiam como isto podia ser sustentável. Então apresentei uma explicação que vinha pensando desde o fatídico dia do Programa do Jô: ao invés de apenas falar as diferenças, explicar como surgiu cada modelo. Acho que contar a história do surgimento do software proprietário, mostrando que ele não foi sempre o modelo predominante e sim que se aproveitou da queda do preço do hardware nos anos 80(creio), além de mostrar que o modelo aberto funcionava como uma rede de suporte aos poucos especialistas que sabiam programar os computadores, ajudou bastante a que elas conseguissem absorver melhor a idéia. Depois disto, a palestra é a mesma de sempre, excetuando-se que acrescentei referencias a Amaya, Chicas Linux e Mirian Ruiz. Acho que mostrar modelos próximos ajuda a mostrar que a idéia funciona e a quem recorrer depois.

Depois que terminei, fiquei muito feliz de ver que tinham muitas, muitas perguntas. Não sei exatamente quanto tempo depois estivemos debatendo, mas foi mais de meia hora. Me perguntaram sobre o que achava da política de software livre do governo brasileiro(ha ha), sobre como foi minha história pessoal com linux, sobre se o Linuxchix é um movimento feminista, e a que mais me chamou atenção, quando uma delas me perguntou “mas as mulheres trabalharam de graça todo este tempo, cuidando das casas e dos filhos sem que ninguém lhes pagasse, e agora você está dizendo que elas trabalhem de graça também?” Achei legal por vários motivos 1) se ela conseguiu traçar este paralelo, é porque apesar do portunhol, me entenderam; 2) era uma pergunta que nunca tinham me feito; 3) me lembrou a pergunta que nocauteou o pessoal na tv, e 4) consegui responder bem, pois ela se deu por satisfeita. Acho que é muito importante mostrarmos que existe sim um trabalho voluntário e desinteressado, mas que todo mundo tem consciência que se precisa pagar as contas e produzir dinheiro. Então falei da mudança na forma de negócios em tecnologia. Já ganhamos dinheiro com hardware, depois com software e agora acredito que será a época da prestação de serviços, e que o próprio interesse da Microsoft confirma isto.

Alias, da Microsoft é um caso a parte, pois me contou Lilia, uma das Pakas, que o diretor do Hangar recebeu um mail do Brasil de alguem dizendo que como é que eles poderiam me convidar para falar de software livre se eu trabalhava para a Microsoft… Lilia ficou de me enviar o mail depois, mas rimos muito. Falta do que fazer é cruel…

Como a Radio Paca toca apenas músicas de cantoras, dei a elas cds da Ana Carolina, Cassia Eller e Maria Rita, com indicações das minhas favoritas. A mãe de uma delas estava ouvindo pela rádio e me mandou os parabéns, então confirmado, me entenderam 😀 Depois fomos almoçar, e depois andar muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito até o metrô e depois maaaaaaaaaaaaais ainda até uma sorveteria. Barcelona é linda mas não pude ver muito a cidade, estava exausta. No outro dia uma gripe me confirmou que não havia me tratado muito bem e que precisava descansar e me alimentar melhor.

O que já começo a fazer, dormi quase o dia inteiro ontem, dormi umas 10hs esta noite, e minha garganta começa a melhorar. Nos próximos dias devo visitar novamente Warp, mas desta vez como reporter para saber se se pode viver fazendo software livre.

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One thought on “Palestra em Barcelona

  1. Parabéns pela palestra,

    Deve ser complicado dar uma palestra nestas condições, então, parabéns por ter conseguido passar a mensagem.

    Realmente, é possível viver de software livre, o mercado está cada vez mais aberto, devido a qualidade e o custo-benefício, principalmente com Prestação de Serviços, eu trabalho somente com FreeBSD, um sistema que é pouco conhecido fora do mundo geek, e consigo me manter, sem luxo, mas sem lixo 🙂

    Um abraço.

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