O carnaval que eu mereço

Carnaval já foi tempo de noites sem dormir, porres e ressacas memoráveis – ou não -, muita cerveja, muita bagunça, pouco descanso e nenhum conforto. Mas sabe, depois de um certo tempo, cansa. E eu cansei. Principalmente depois que Carnaval virou sinônimo de funk, axé music e latas de espuma em spray. Então, como a maioria dos nerds e geeks que eu conheço, eu queria fugir disto. (Nerd que gosta de carnaval eu só conheço um, geeks conheço vários). As opções mais óbvias seriam ir para o meio do mato ou ficar em São Paulo mesmo, onde quem quer curtir o carnaval vai para outros lugares, deixando a cidade sem transito, olha que maravilha. Mas para mim, isto não era suficiente…

Desafios: eu amo agua, então queria ir para uma praia. Mas como ir para uma praia no Carnaval para fugir do Carnaval?(para você que não vai querer ler este post até o fim, adianto: não existe). Será possível alguma praia neste país seja reservada a quem quer fugir do Carnaval? Será possível ir a algum lugar, achar que está a salvo, e quando está se preparando para um delicioso soninho embaixo do guarda sol, enconstar um daqueles carros que os donos gastam o valor do carro no som, abrirem o porta malas e tocarem Ivete Sangalo até as 6 da manhã? Será possível encontrar algum lugar tão bom que retribua uma viagem com direito a castelos pela Espanha?

A saída: Ilha Grande. A Ilha é uma reserva ecológica, onde carros não são permitidos, o que acaba com o problema dos carros de som. Tem praia, eeeeeee. Alias, tem muitas praias, muitos eeeeees. Fica do lado de Angra dos Reis, de onde você toma uma barca ou embarcação e navega uma hora e meia. Existem opções em outros portos perto de Angra, mas Angra é onde tem a rodoviária. Tem aeroporto também, mas aparentemente apenas para vôos fretados. Então o jeito é enfrentar 7hs de busão. Apenas uma empresa faz a linha São Paulo – Angra, mas pelo menos o onibus tinha ar condicionado e poltronas super reclináveis. Pena que não tinham seguro contra gente que acha que tem direito de ficar no ônibus “vamos acordar, é carnaval”. Eu sei que é Carnaval, se o seu é fazer farra, joia, dou a maior liberdade, mas pq eu não tenho liberdade de querer dormir? (isto daria uma redação a parte…)

Enfim, vamos ao melhor de Ilha Grande:

Pousada Aquario – na verdade é um albergue, mas um albergue de luxo, com um banheiro por quarto. Fica no canto esquerdo da praia do Abraão, o “centro” da ilha. Fica perto do centro o suficiente para em 10 minutos você estar onde estão os restaurantes, mercadinhos e agito, mas longe o suficiente para você conseguir dormir, enquanto o axé corre solto até as 4 da manhã(depois das 4 começava a rave). O lugar é lindo, e tem este nome porque tem um aquario construído na frente. Me parece que o aquario era super famoso, mas como o lugar passou anos fechado, este foi depredado. Mas enfim, de todos os quartos você acorda na beira do mar. Você toma café na beira do mar. É tudo super simples, mas por ser um albergue sempre tem gente de todo lugar, de vez em quando rola uma festinha ou churrasco, tem serviço de lancha ali mesmo, então dá pra juntar uma galera ali e aproveitar o fato que o barqueiro conhece os horários das scunas e pode lhe ajudar a curtir os lugares sem milhares de pessoas a volta.

Passeios: dependendo da sua animação, você pode querer pular carnaval e ir em uma scuna. O preço é legal, e você passa o dia com mais 100 pessoas, passeando por pontos conhecidos da ilha, ao som do melhor axé music. Não é fã da muvuca? Pode juntar um grupo menor e dividir uma lancha para fazer passeios pela ilha, por pontos conhecidos ou fazer a volta a ilha, o que faltou pra mim esta vez.

Restaurantes: o Rei da Moqueca tem pratos generosos e muito bem preparados. Fica na beira do mar, você come com o pé na areia, curtindo a brisa do mar. No calorão do Rio de Janeiro, isto ajuda muito na digestão. Para quem busca opções mais baratas, o Minha Deusa tem pratos completos muito mais em conta. E existem restaurantes em outras praias, onde você pode parar para comer.

Sorvete: de torta de limão na sorveteria do lado do cais. Não lembro o nome, mas era uma delícia. Como todos os outros sabores.

Praias: não exatamente praias, os lugares legais da ilha são os propícios a mergulho. A maioria dos barcos te leva a lugares mais claros e sem corrente, com boa visibilidade. Existem lugares chamados Lagoa Azul, Lagoa Verde. Praias pequenininhas que somem na maré cheia. Agua transparente, com visibilidade geralmente de 10 metros.

Hector e eu eramos sempre os ultimos a notarmos que todo mundo já havia voltado ao barco, de tão entretidos buscando peixes coloridos e estrelas do mar. Ele vivia mergulhando mais profundamente para buscar as correntes de agua gelada.

E a ilha é fantastica, qualquer ponto é ótimo para ir ver corais, caranguejos, e um peixe esquisito que colocava algumas barbatanas para frente para ficar vasculhando a areia como se fossem mãos. Um peixe tipo peixe-espada com pintas azuis, que ficou curioso de ver seres estranhos o observando tão fixamente e veio na nossa direção, mas ele de frente era um pouco menos simpático, o que provocou a debandada geral. Vi também uma moréia, que bicho feio… saí de perto rapidinho.

Preservação: a Ilha está bem preservada, mas segundo relatos, já esteve muito melhor. Eu fiquei impressionada com a quantidade de estrelas do mar, e até achei que devia ser devido a eles não deixarem levar estas como lembranças. O barqueiro me disse que não deixavam mesmo, mas a proliferação das estrelas do mar é devido ao fato dos seus predadores naturais, algumas especies de peixes, estarem morrendo. Não era difícil encontrar também plasticos, latas e até potes de shampoo passeando. Uma atitude muito legal era dos mais conscientes que catavam isto e colocavam no barco, para tirar do mar e colocar no lixo. Seria tão simples se cada um ao invés de pensar “é só um papelzinho, tem gente que faz pior”, pensasse “a minha parte eu faço”. Se cada um fizesse a sua, o mundo seria tão melhor… Tambem contaram que existe uma baía no Rio de Janeiro, que de tempos em tempos precisam tirar o lodo do fundo do mar. Segundo a lei, as balsas que carregam o lodo deveriam despejar a 50 milhas marítimas mar adentro. Mas sem fiscalização, elas jogam logo na entrada do mar. E com a maré cheia, o mar espalha o lodo por todas as ilhas. E o pior é que existe uma industria perto de produtos quimicos, e com a chuva muitos resíduos acabam nesta baía…

Enfim, o Carnaval que eu mereço. Praia, mergulho, sossego e um homem lindo pra tornar tudo ainda mais interessante.

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Buscando segurança on-line: Gerenciando trollagem em um fórum Feminista

“Um fenômeno comum em grupos de discussão online é o indivíduo que provoca outros membros do grupo, frequentemente resultando em carregá-los em uma discussão infrutífera e desviando a atenção dos propósitos estabelecidos pelo grupo. Este estudo documenta um caso no qual os membros de uma comunidade online vulnerável – um fórum feminista de discussão online – foi alvo de um “troll” tentando perturbar o espaço de discussão do grupo. Nós analisamos as estratégias que fazem o troll bem sucedido e o grupo alvo ineficiente em responder ao seu ataque, no sentido de entender como este comportamento pode ser minimizado e controlado em geral. A análise sugere que fóruns feministas e outros que não são usuais são especialmente vulneráveis, já que eles precisam balancear ideais de inclusão e a necessidade de proteção e segurança, e esta tensão pode ser explorada por elementos perturbadores para criar conflitos dentro do grupo.”

Este artigo é um estudo feito pela professora Susan Herring da Universidade de Indiana, com ajuda de três estudantes. Pode ser encontrado aqui: http://rkcsi.indiana.edu/archive/CSI/WP/WP02-03B.html, e tomando como base o caso de um fórum feminista que foi alvo de um troll, analisa toda esta questão. Ela “sugere várias ações pró ativas que podem prevenir um grupo de ser atacado… A primeira é educar os usuários a respeito de trolls. Trolls particularmente caçam usuários inexperientes, incluindo populações que são vulneráveis por outras razões. Administradores podem alertar usuários sobre os padrões que trolls seguem… Porque o dano é emocional e não físico, nós podemos imaginar que alertar sobre eles pode ser similar a alertar sobre trotes telefônicos ou propaganda enganosa, onde conscientizar sobre o modo de operação é frequentemente suficiente para prevenir o efeito surpresa”.

Algumas táticas de trolls analisadas:
– Provocação
– Aparentes manifestações de sinceridade
– Tentativa de provocar discussão fútil
– Manipulação ideológica

Texto completo em http://www.linuxchix.org.br/?q=node/104

Este artigo foi traduzido com a ajuda de voluntários que atenderam o pedido, e agora está disponível no site do Linuxchix. Agradecemos a todos os voluntários e aos divulgadores que ajudaram a encontrar estes voluntários. Acreditamos que este artigo vai ajudar a todos os grupos de discussão online a identificarem e se prevenirem este tipo de ataque, promovendo a convivência saudável e avanço nos objetivos de cada grupo. Assim sendo, divulguem-no 🙂

Vídeos das palestras do LCA 2007 disponíveis

Já estão disponíveis no site do Linux Conference Australia 2007 os vídeos da grande maioria das palestras apresentadas no evento. Eu recomendo as palestras abaixo:

  • Tanenbaum sobre Minix. Ele defende novamente o microkernel, mas acredito que mais que isto é uma boa introdução para quem quer estudar sistemas operacionais. Ainda não instalei o novo Minix, mas me parece um sistema compacto onde se pode aprender mais facilmente.
  • Kathy Sierra sobre como criar usuários apaixonados. Conceitos sobre como o cérebro funciona, como interessar pessoas nos seus projetos ou idéias. E como criar usuários que vão lhe ajudar, fazendo-os se interessarem mais até serem especialistas, de uma maneira interessante. Uma das melhores frases que já ouvi: “Se você quer que eles RTFM, faça um FM melhor”.
  • Joe ‘Zonker’ Brockmeier sobre Marketing em projetos Open Source: pode parecer proteção, mas explico. Foi nesta palestra que tive as idéias de como interessar mais pessoas para meus projetos, mais especificamente conseguir mais colaboradoras para o Linuxchix. Creio que qualquer pessoa que sente que gostaria de mais ajuda e não sabe muito bem porque não consegue deveria ler. Também para aqueles que acham que tem um projeto excelente e não sabem porque não faz tanto sucesso.
  • Jono Bacon em “Pastoreando Gatos”, uma palestra sobre dinâmicas de comunidade e como tirar o melhor dela. Muitas empresas falharam miseravelmente em atrair a atenção e mais, em conseguir o apoio dedicado da comunidade. Na maioria elas acham que precisam tolerar a comunidade, quando isto pode ser uma grande diferença no sucesso do seu negócio.

O temário é muito diverso e com palestrantes excelentes. Assisti palestras sobre Fluendo, Filesystem, um tutorial otimo de Gimp, entre outras. Se for fazer uma descrição de cada, fica muito grande. Recomendo ver a grade e escolherem.

Segundo a responsável pela equipe de filmagem e disponibilização dos vídeos, eles preferiram uma câmera que gravasse diretamente em DVD(formato vob), com capacidade para maior tempo de gravação, diferente dos tapes DV. Microfones de lapela, uma mini TV e fones de ouvido para ouvir e ver o que está sendo gravado. Um script foi posto a disposição para transformar a gravação, e como os vídeos foram gravados em DVD, qualquer pessoa com um notebook com DVD alí podia auxiliar a transformar os vídeos. Com isto, antes mesmo do final do primeiro dia, os primeiros vídeos começavam a ser disponibilizados.

O maior vídeo foi de 257MB para uma palestra de 1:23hs, e o menor foi um de 10MB para uma de 6 min. Ao todo, estão sendo ocupados 11.9GB para 141 arquivos. Isto é referente apenas aos vídeos em formato Ogg Theora, os arquivos vob são mais de 10 vezes maiores, então não são guardados.

Quatro links contaram como foi feito este trabalho, para ser repetido para outras conferencias. O LCA é muito bem documentado por cada equipe que o organiza – o que muda cada ano – e está disponível como um HOWTO para outros eventos aproveitarem as experiências deste evento.

https://gingertech.dyndns.org/blog/?p=11 (Editing video for LCA)
https://gingertech.dyndns.org/blog/?p=12 (LCA video team)
https://gingertech.dyndns.org/blog/?p=14 (Recommending a LUG video setup)
https://gingertech.dyndns.org/blog/?p=17 (All LCA video online)

Portrait: LinuxChix Brazil’s Sulamita Garcia

“A lot of people have bemoaned the lack of women participating in open source communities, but Sulamita Garcia is one of the few who have stepped up to do something about it. A Slackware user from Florianopolis, Brazil, Garcia has been heading up LinuxChix Brazil for four years.”

Who could tell, me on Linux.com, linked on Newsforge and LWN.net. This will make people who loooooove my english sooooooooo happy 😀 /sarcasm

Amanhã eu faço uma versão em português. Agradeço a todas as manifestações de apoio que recebi!

Portrait: LinuxChix Brazil’s Sulamita Garcia

“A lot of people have bemoaned the lack of women participating in open source communities, but Sulamita Garcia is one of the few who have stepped up to do something about it. A Slackware user from Florianopolis, Brazil, Garcia has been heading up LinuxChix Brazil for four years.”

Who could tell, me on Linux.com, linked on Newsforge and LWN.net. This will make people who loooooove my english sooooooooo happy 😀 /sarcasm

Amanhã eu faço uma versão em português. Agradeço a todas as manifestações de apoio que recebi!

Ajude a manter a Wikipédia no ar – mesmo sem colocar a mão no bolso!

Ajude a manter a Wikipédia no ar – mesmo sem colocar a mão no bolso!
O BR-Linux.org lançou uma campanha para ajudar a Wikimedia Foundation a manter a Wikipédia no ar. Se você puder doar diretamente, é sempre a melhor opção. Mas se não puder, veja as regras da promoção do BR-Linux e ajude a divulgar – quanto mais divulgação, maior será a doação do BR-Linux, e você ainda concorre a um pen drive!

O Brasil é a grande estrela mundial do SL… não é?

Existe muita notícia e conversas a respeito de quão sensacional e maravilhoso é o cenário do software livre no Brasil, quão forte e ampla é nossa comunidade e o quanto o governo se esforça para migrar para software livre e incentivar a comunidade. Minha pergunta sempre foi: que comunidade, cara pálida?

Minha primeira esperança foi quando eu vi o artigo no Linux.com sobre a imagem de grande baluarte do movimento FOSS em risco no Brasil(cobertura em portugues no BR-Linux). Neste artigo, vários desenvolvedores, por coincidência todos Debian Developers como Kov, Otavio e Gustavo Franco contaram para o mundo coisas que muita gente não quer admitir. Eu achei que infelizmente o artigo não ganhou suficiente atenção, mas pelo menos era um começo, e desta vez nem era eu reclamando! Muito bom ver que eu não sou a única a achar ruim. Mas o pior mesmo é ver gente que está estragando um trabalho construído por anos, utilizando o artigo como se não tivesse nada a ver com isto.

Pois bem, hoje eu encontrei um novo site: Linux in Brazil, análises sobre FOSS, notícias, tendências e fatos na America Latina, apresentadas pelo BR-Linux. Este Linux in Brazil é uma versão em inglês do BR-Linux, um site que existe há mais de 10 anos. O BR-Linux é referencia oficial para notícias sobre software livre e de código aberto no Brasil, e não apenas contando a notícia, como também comentando e analisando a história por trás da notícia. Não apenas copiando e colando, mas com várias análises detalhadas e comentários. Então se você tem amigos que falam inglês, divulgue!

Na minha opinião, Software Livre no Brasil virou uma grande confusão de política, discursos, bravatas, “celebridades” posando para fotos em grandes anúncios de projetos fantásticos que eles vão realizar – mas eles nunca o fazem. Ah, mas todo mundo sabe o que é software livre agora… e? Nós temos esforços quase inexistentes para apoiar desenvolvedores, e na maioria feitos por empresas. As iniciativas de treinamento, ajuda e motivação para novos desenvolvedores eu vejo partirem da própria comunidade! Enquanto isto, eu vejo um monte de programas ganhando muito dinheiro – que sai do meu e do seu bolso – para projetos que não apresentam nenhum resultado, só um monte de hype em torno de “mídia, cultura, políticas”e até mesmo “sementes livres” – de verdade. Eles dizem “mas é obvio que nos importamos com a comunidade, eles são uma peça fundamental! Nós até deixamos eles pagarem para ir nos eventos onde vamos dar a eles acesso wireless de graça!”

Esta grande bolha começou alguns anos atrás, quando alguns políticos viram no SL uma chance de conseguir fama instantânea. Mas eles são políticos, e a comunidade é a comunidade, mundos completamente paralelos e anos luz distantes um do outro. Como políticos, eles amam serem conhecidos e reconhecidos como líderes, mas sabe de uma coisa? Isto aqui é uma meritocracia, você não pode chegar do nada aqui e querer me dizer o que eu devo ou não fazer. Então, depois de tentarem sem sucesso se tornarem líderes aclamados da comunidade já estabelecida, baluartes da verdade e da luz e do caminho – grande surpresa, pessoas inteligentes que não compram papo furado! – eles tiveram a grande idéia de se juntarem em seus próprios grupos para poder falar e criar seu próprio vaporware. Teve gente se auto proclamando embaixador do Software Livre no Brasil! Você pode acompanhar estas listas onde as palavras hackers, social, liberdade, livre, políticas, agentes, atores, pesso@s, sinergia, ecossistema e outras do tipo são repetidas à exaustão. Tipo, dá pra fazer um bot para gerar estes mails e artigos. E alguém fez isto! O Gerador Lero Lero é um script que cria um artigo baseado em buzzwords aleatóriamente.. Certa vez, alguém jogou um texto destes em uma destas listas, e as pessoas começaram a comentar como o texto era muito denso… Na Desciclopedia existe a definição de SL, onde diz que os principais objetivos da comunidade do SL é:

A comunidade passa o dia repetindo palavras como ‘comunidade’, ‘software livre’, ‘a cena do software livre nacional’, ‘windows é do demônio’ repetidamente, repetindo-as durante todo o dia, e repetindo no dia seguinte. Seja isso por email ou em grandes congressos onde podem ouvir essas palavras de palestrantes e continuar repetindo nos corredores.

A maioria tem Windows (piratão) instalado na mesma maquina ou usam BLOBs binarios de algum tipo.

Organizam-se em algum tipo de entidade com vários níveis hierárquicos com nomes de todo o tipo e aplicam a maior parte do tempo possível resolvendo os problemas reais como:

  • logotipo da organização,
  • próximo presidente,
  • qual a melhor distribuição,
  • qual a distribução mais livre,
  • quando vai ser o próximo encontro,
  • como trazer o Maddog pro próximo encontro e
  • qual a cor da camiseta nova.

Houve também posts espontâneos convocando a galera para jogar o bingo do FISL, tentando adivinhar o que ia acontecer denovo na próxima edição. Sugestões foram:

  • Abertura com “presença virtual” (nome chique pra um vídeo gravado antes) de alguma personalidade política que não entende muito bem o que é esse tal de software livre, mas sabe que é aquele negócio daquele menino bem amigo do Zé e daquela empresa do interiorr..
  • Aquela mesa redonda sobre mulheres e computação, que discute o aborto, a creche, a pílula e o destino dos recursos de telecentro. (comentário: eu juro que não tenho nada a ver com isto! Eu só tinha esperança que um dia elas falassem sério!)
  • Vários estandes de autarquias e estatais muito bonitos mas com pouca ou nenhuma exposição de soluções livres no seu interior, e alguns desertos também de equipe, a partir de um certo momento mágico na sexta-feira.
  • Gente convencida (talvez com razão) de que em muitos momentos aproveita muito mais o evento trocando idéias nos barraquinhos do que assistindo às palestras ou ouvindo discurso nos palanques e estandes. (comentário: um espaço onde 36 grupos de usuário com quatro pessoas cada aboletam-se em um espaço de uns 150m2, junto com as pessoas que querem conversar com eles)
  • Gente fazendo piada com a grande comédia do ano passado, e perguntando para as “celebridades” presentes o preço do autógrafo e da foto.

Bom, pelo menos agora temos um veículo de comunicação que confiamos para contar para o mundo como as coisas vão caminhando de verdade por aqui. O Brasil poderia ser uma imensa força tarefa contribuindo para o SL. Poderíamos ser exemplo e ajudar outros países com o processo que passamos. Eu ainda acho que a gente pode fazer, como sempre fizemos. Este texto foi escrito pelo Aurélio três anos atras, quando fizemos uma mesa de discussão a respeito disto.

Software Livre: Desenvolvedores e os outros
Muito antes da onda recente de politização do Software Livre, inclusão digital, liberdade tecnológica, ONGs digitais, certificação em Linux, representantes oficiais, porta-vozes da comunidade, paladinos, comitês, movimentos e comissões parlamentares, os desenvolvedores já estavam lá, sentados e produzindo códigos.

Muito antes do Software Livre ser sexy e estar na moda, virar buzzword, aparecer na mídia, virar bandeira política, ganhar revistas especializadas, sites, fórums e listas de discussão, os desenvolvedores já estavam lá, sentados e produzindo códigos.

Muito antes das intermináveis discussões de qual a melhor distro, da fragmentação de comunidades, das ofensas pessoais em canais públicos, da batalha de egos, das brigas internas de um mesmo time e da crítica gratuita, os desenvolvedores já estavam lá, sentados e produzindo códigos.

O mundo vai continuar girando e o sol vai nascer todos os dias, assim como continuarão os ruídos, as brigas e as modas. Enquanto isso, aqueles que fazem, continuarão fazendo.

Relendo meus comentários daquela época, retifico: temos que parar de acreditar nas promessas de todo e qualquer político. Quer meu apoio? Me mostra coisas feitas, não promessas. Eles não nos defenderam, não migraram, não mostraram números, e quando a coisa começou a feder, sumiram.

Eu não sou desenvolvedora, a não ser se você contar alguns patches ignorados. Mas quando eu comecei nisto, nossos ídolos eram Linus, Patrick e Ian, pessoas que faziam coisas fantásticas, como nós queriamos fazer. Eu acho que os desenvolvedores são o core de tudo, e eu tento ajudar como posso, como documentação, tradução, treinamento e ajudando pessoas a resolverem problemas. Então é claro que eu acho que estas tarefas são importantes também. E lógico, o Linuxchix 🙂 E eu até acho que precisamos sim falar de filosofia e conceitos de Software Livre, liberdade e ética. Talvez devessemos falar um pouco mais sobre ética… Mas quando você tem mais pessoas falando do que realmente fazendo alguma coisa, tem algo muito errado. O mundo não foi feito com palavras.

Brazil is the World Free Software star… isn’t it?

There is a lot of talking about how great the free software scenario is in Brazil, how strong and big the community is and how the government makes efforts to drive to free software and support the community. My question always was: which community?

The first hope I saw was the article about the Brazil’s FOSS utopia image at risk, were several developers made public some things that a lot of people don’t want to talk about. I felt the article didn’t receive the attention it should get, but at least was a start, and I wasn’t even involved! It is great to see I’m not the only one grumpy about it. The worst thing I saw was the people who damage a work built during years using the article as they didn’t know what it was about.

Today I found a new website: Linux in Brazil, Open source reviews, news, trends and facts in Latin America, presented by BR-Linux.org. Linux in Brazil is like an English version of the well know BR-Linux website, which has been there for more than 10 years. It is the official reference for Free and Open Source Software news in Brazil, and not just saying the news, but often telling the history behind the news. Not just copy and paste, but some very detailed analysis and comments.

My opinion? Free Software in Brazil is a profusion of politics, talking, swanking, celebrities posing for pictures in announcements of amazing things they will do – but they never do. Yes, everybody is aware of Free Software now, but what else? We still have minimum efforts to support the developers, and all efforts I see to create new developers, giving training, came from… the community! Meanwhile, I see a lot of programs and support for projects with no results, the hype of “culture, midia, politics” and even “free seeds” – seriously. “We sure care about community, we even let them pay and go to the conferences and give them free wireless access”.

This bubble started some years ago, when some politicians saw in Free Software a big chance. But they are politicians, and the community is the community, I mean, totally parallel worlds, far away from each other. As politicians, they love being recognized and being the leaders, but hey, guess what? This is a meritocracy, you can’t just come here and tell me what I should or shouldn’t do. So after trying with no success becoming the leaders and bastions of truth and light, they had a great idea: they joined together in their own projects to talk and create their own vaporware. You can see lists where the words hackers, social, freedom, politics, @ll, synergy, ecosystem and so on and on and on again… I mean, you can create a bot to reproduce those mails and articles. Oh, you know what, someone did it! The Lero-Lero generator is a script which create an article based on random buzzwords. Once, someone threw one of this in a mailing list, and for days people were debating about it. There is the Desciclopedia definition about Free Software and community, and it looks like the main objectives of the Free Software “community” are:

  • the logo
  • the next coordinator or president
  • the better linux distribution
  • the linux distribution truly free
  • the next meeting
  • the new color for the t-shirt

There were spontaneous posts suggesting that we play bingo for the next FISL program, trying to guess what would happen again. Suggestions were:

  • big opening ceremony with the virtual conference with some famous politician who don’t quite understand what is this free software thing, but knows that is that thing his friend talked about
  • the official panel about women and free software, which talks about abortion, the day-care center, contraceptive methods and where went the money which was supposed to build a feminist telecentro(I swear , I have nothing to do with it, I used to hope someday they would talk seriously!!!!!)
  • a lot of government stands very pretty but with nothing to show. Some of them even have people in there to talk to, specially after Friday
  • people are sure that you enjoy and learn much more talking to people on the users groups (where 36 stands for users groups with four people allowed per group divide 150m2 with people wanting to talk to them) than watching the same talks or listening on the stands.
  • people making jokes about the big comedy of last year, and asking “celebrities” how much for the autograph and picture.

Well, now we have a communication media we trust telling to the world how things really are here. This was suppose to be a huge collaborating country in free software. This was suppose to be the example and help other countries. I think we still can do it, as we always did. This was a text made by a friend of mine, Aurelio(zzfunctions and so many other stuff), three years ago, when we made a panel about this:

Free software: developers and others

A long time ago, before the politicians coming to Free Software movement, digital inclusion, technical freedom, non governmental organizations, certifications, official representatives, spokesmen of community, committees, parliamentary movements and groups, the developers were there, coding.

Before Free Sofware being sexy and be on the news, became a buzzword, be on the TV, became a politics issue, gain specialized magazines, websites, forums and mailing lists, the developers were there, coding.

Before the never ending arguments about the better distributions, the community falling in pieces, people offending each other in public channels, the egos war, people in the same project fighting against each other and the criticism, the developers were there, coding.

The world is going to keep turning around, the Sun is going to rise every day, as well the noise, the fights and the trends. Meanwhile, those who do, will keep doing it.

I’m not a developer myself, besides some ignored patches. But I joined the community when our idols were Linus, Patrick and Ian, people who actually did great things, as we wanted to do. I do think developers are the core of all this thing, I try to help them with documentation, translation and helping people with problems, so I obviously think those roles are important too. And I do think we need to talk about philosophy and freedom. But when you have more people to talk than people actually doing something, there is something wrong. The world was not built based just on words.

Politics by Userfriendly

Brazil is the World Free Software star… isn’t it?

There is a lot of talking about how great the free software scenario is in Brazil, how strong and big the community is and how the government makes efforts to drive to free software and support the community. My question always was: which community?

The first hope I saw was the article about the Brazil’s FOSS utopia image at risk, were several developers made public some things that a lot of people don’t want to talk about. I felt the article didn’t receive the attention it should get, but at least was a start, and I wasn’t even involved! It is great to see I’m not the only one grumpy about it. The worst thing I saw was the people who damage a work built during years using the article as they didn’t know what it was about.

Today I found a new website: Linux in Brazil, Open source reviews, news, trends and facts in Latin America, presented by BR-Linux.org. Linux in Brazil is like an English version of the well know BR-Linux website, which has been there for more than 10 years. It is the official reference for Free and Open Source Software news in Brazil, and not just saying the news, but often telling the history behind the news. Not just copy and paste, but some very detailed analysis and comments.

My opinion? Free Software in Brazil is a profusion of politics, talking, swanking, celebrities posing for pictures in announcements of amazing things they will do – but they never do. Yes, everybody is aware of Free Software now, but what else? We still have minimum efforts to support the developers, and all efforts I see to create new developers, giving training, came from… the community! Meanwhile, I see a lot of programs and support for projects with no results, the hype of “culture, midia, politics” and even “free seeds” – seriously. “We sure care about community, we even let them pay and go to the conferences and give them free wireless access”.

This bubble started some years ago, when some politicians saw in Free Software a big chance. But they are politicians, and the community is the community, I mean, totally parallel worlds, far away from each other. As politicians, they love being recognized and being the leaders, but hey, guess what? This is a meritocracy, you can’t just come here and tell me what I should or shouldn’t do. So after trying with no success becoming the leaders and bastions of truth and light, they had a great idea: they joined together in their own projects to talk and create their own vaporware. You can see lists where the words hackers, social, freedom, politics, @ll, synergy, ecosystem and so on and on and on again… I mean, you can create a bot to reproduce those mails and articles. Oh, you know what, someone did it! The Lero-Lero generator is a script which create an article based on random buzzwords. Once, someone threw one of this in a mailing list, and for days people were debating about it. There is the Desciclopedia definition about Free Software and community, and it looks like the main objectives of the Free Software “community” are:

  • the logo
  • the next coordinator or president
  • the better linux distribution
  • the linux distribution truly free
  • the next meeting
  • the new color for the t-shirt

There were spontaneous posts suggesting that we play bingo for the next FISL program, trying to guess what would happen again. Suggestions were:

  • big opening ceremony with the virtual conference with some famous politician who don’t quite understand what is this free software thing, but knows that is that thing his friend talked about
  • the official panel about women and free software, which talks about abortion, the day-care center, contraceptive methods and where went the money which was supposed to build a feminist telecentro(I swear , I have nothing to do with it, I used to hope someday they would talk seriously!!!!!)
  • a lot of government stands very pretty but with nothing to show. Some of them even have people in there to talk to, specially after Friday
  • people are sure that you enjoy and learn much more talking to people on the users groups (where 36 stands for users groups with four people allowed per group divide 150m2 with people wanting to talk to them) than watching the same talks or listening on the stands.
  • people making jokes about the big comedy of last year, and asking “celebrities” how much for the autograph and picture.

Well, now we have a communication media we trust telling to the world how things really are here. This was suppose to be a huge collaborating country in free software. This was suppose to be the example and help other countries. I think we still can do it, as we always did. This was a text made by a friend of mine, Aurelio(zzfunctions and so many other stuff), three years ago, when we made a panel about this:

Free software: developers and others

A long time ago, before the politicians coming to Free Software movement, digital inclusion, technical freedom, non governmental organizations, certifications, official representatives, spokesmen of community, committees, parliamentary movements and groups, the developers were there, coding.

Before Free Sofware being sexy and be on the news, became a buzzword, be on the TV, became a politics issue, gain specialized magazines, websites, forums and mailing lists, the developers were there, coding.

Before the never ending arguments about the better distributions, the community falling in pieces, people offending each other in public channels, the egos war, people in the same project fighting against each other and the criticism, the developers were there, coding.

The world is going to keep turning around, the Sun is going to rise every day, as well the noise, the fights and the trends. Meanwhile, those who do, will keep doing it.

I’m not a developer myself, besides some ignored patches. But I joined the community when our idols were Linus, Patrick and Ian, people who actually did great things, as we wanted to do. I do think developers are the core of all this thing, I try to help them with documentation, translation and helping people with problems, so I obviously think those roles are important too. And I do think we need to talk about philosophy and freedom. But when you have more people to talk than people actually doing something, there is something wrong. The world was not built based just on words.

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