Ubuntu * Summit

Está acontecendo esta semana, em Sevilla, o Ubuntu * Summit. O evento foi formado pelo Educational Summit dias 3 e 4, pulei a Ubuntucon e participei dos primeiros dias do Developers Summit. Haviam mais uma dúzia de engenheiros da Intel aqui, e desta vez tem mais Classmates do que OLPC. Vim especialmente para o Educational Summit para começar a entender mais do assunto.

O primeiro dia começou com a abertura de Richard Weideman, explicando qual a motivação para o evento. O foco todo do evento é o Edubuntu, a distribuição baseada no Ubuntu para fins educacionais. O Edubuntu não é uma distribuição voltada para desktop, ao invés disto ele usa LTSP para criar laboratórios. Para tirar o máximo de proveito dos vários projetos open source desenvolvidos para isto, não quiseram limitar nem ao Gnome nem ao KDE na distribuição, o que implica em carga extra, afinal precisam ser instaladas e carregadas as bibliotecas dos dois ambientes. Então a decisão foi de trabalhar com o LTSP e desenvolver um ambiente que fosse facilmente configurável por administradores não técnicos – ou seja, professores. O ambiente já vem com interfaces de configuração para isto.

Foram apresentados diversos projetos, como o TuXlabs e o mEDUXa. O TuXlabs é um projeto que já tem documentado e preparado em 7 passos para implantação de laboratórios para escolas e universidades, atualmente baseados no Edubuntu. Achei muito interessante algumas dicas que eles deram no final, de coisas que eles aprenderam ao longo dos anos no projeto: por exemplo, um laboratório de informática não serve para nada sem que o currículo do curso envolva alguma atividade ali.

O mEDUXa é uma distribuição com o mesmo propósito educacional, mas que me pareceu estar um passo a frente na interface:

mEDUXa

Conversando com Agústin, um dos responsáveis, ele comentou que já tinha uma lista de aplicativos que foram apresentados ao governo das Ilhas Canárias, com análises e sugestões. A lista estava desatualizada entretanto, precisaria ver o estado atual dos projetos. Então, ele se empolgou, disse que iria colocar num wiki – segundo ele, tudo agora se faz em páginas wiki – e dois dias depois, ele me passou o endereço. A página com os aplicativos está sendo alimentada rapidamente. Foi a primeira grata surpresa do evento, onde várias outras conversas deram resultados efetivos.

A noite, durante uma rodada de cerveja e “tapas” – petiscos nos bares espanhois – conheci pessoas do governo de Andaluzia, que me deram números espantosos de utilização de software livre em escolas e universidades – algo superior a 165.000 estações, entre servidores e clientes. Conversamos sobre alta disponibilidade, que toma proporções muito importantes neste cenário: apenas 1% de computadores parados com falha são mais de 1500 computadores. E também que eles não vão simplesmente doando computadores e instalando em qualquer instituição que queira um laboratório, primeiro eles precisam apresentar um projeto dizendo o que pretendem com aquele laboratorio, propor mudanças no currículo ou mostrar como o laboratório se encaixa no currículo existente. E até por isto Andaluzia foi escolhida para sediar o Ubuntu * Summit.

Também houve a palestra da equipe do Classmate PC da Intel. O assunto já é velho conhecido de todos, a proposta da Intel para notebooks de baixo custo direcionados para propósitos educacionais. Para relembrar: é um Celeron de 900 MHz, com 256Mb de memória RAM e 2Gb de memória flash. Oliver Grawert é um dos desenvolvedores do Ubuntu, e foi incumbido da tarefa de fazer uma demo do Edubuntu no Classmate. 24hs depois, o resultado:


Oliver, Edubuntu e Classmate

Brinquei um pouco com o resultado, que ainda está longe do ideal. Os 2Gb estão 98% tomados, então qualquer duas aplicações que estejam abertas derrubam a máquina. Porém agora Oliver vai fazer adaptações, minimizar e remover o que não é necessário, por exemplo terminais texto e LTSP. Mas foi muito bem demonstrado a viabilidade.

Durante os dias do Developer Summit, participei de poucas sessões “oficiais”. Uma delas foi o Kubuntu, onde conversei diretamente com um dos desenvolvedores do Adapter e me foram esclarecidas as diferenças. O caso é o seguinte, eu já testei Ubuntu outras vezes, assim como várias outras distros, e prefiro o KDE como ambiente grafico, então sempre tentava o Kubuntu. Só que embora em máquinas de amigos tenha funcionado muito bem, nas minhas máquinas sempre despertavam a velha maldição de encontrar problemas. Na última tentativa, o Xorg não foi configurado, e eu pensei “se eu vou ter que editar o xorg.conf, eu vou instalar Slackware”. Mas com os novos projetos envolvendo a Intel e o Ubuntu – um dos comentários que eu ouvi no Summit diversas vezes foi “mas quanta gente da Intel aqui!”(temos inclusive uma desenvolvedora dedicada a portar os desenvolvimentos da Intel para o Ubuntu), resolvi persistir e resolver os problemas. E um deles era porque o Adapter não encontrava nenhum software que eu queria – como o irssi, por exemplo. Então descobri a questão: o ícone Adicionar/Remover Programas é voltado para usuários novatos, então ele tem um conjunto de aplicações limitado. Para encontrar todo e qualquer pacote, preciso ir no Adapter Manager, no menu Sistema. Sim, eu saberia usar o apt-get, e o fiz várias vezes, mais se eu for mostrar pra outras pessoas, preciso descobrir como funciona para leigos também. E com isto, o desenvolvedor tomou nota para criar um botão ou função que integre as duas aplicações, que são completamente separadas. Algo que informe ao usuário que se ele quiser todo e qualquer software disponível ele deve ativar ali. E de quebra, ainda instalei o Compiz e o desktop-effects, e devo dizer que ficar sacudindo janelinhas ou brincando de Baú da Felicidade – ficar girando os desktops como aquele jogo do Silvio Santos – é bem divertido. Mas meu desktop ainda é preto…

Enfim, me diverti muito mais do que imaginava. Gostaria de agradecer especialmente ao Jono, Oliver, Melissa, Rolla, Willy, Jane, e tanta gente divertida e simpática. Apesar de serem más companias – sempre me faziam beber até as 3 da manhã – foi mais um evento memorável. Quem sabe me empolgo a ir no Ubuntu Live?

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4 thoughts on “Ubuntu * Summit

  1. E o mais chato de tudo é que é tudo por conta da empresa.

    Quem sabe um dia eu consigo chegar nesse nível 🙂

  2. Oi Sula.

    Eu cheguei aqui em Sevilla ontem pela manhã, se estiveres ainda por aqui, dá um toque!

    []s

    Adilson.

  3. Adapter? Que é isso?
    Ah sim! Vc quis dizer Adept, certo?
    Fiquei encafifado pensando: Que diabos de aplicação é essa no Kubuntu que se chama Adapter? Hehehehe…

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