Hoje vou longe. Aniversário. Floripa. Família. Como se não fosse suficiente para mexer com a cabeça de qualquer um, minha cidadania mais uma vez avacalhada.
Ontem achei que era um bom sinal voltar para São Paulo depois de apenas 20 minutos de atraso. No meio do vôo, cochilando, o comandante liga os autofalantes para avisar que reduzimos a velocidade para retrasar nossa chegada devido a um acidente na pista de Congonhas. Esqueci o fato de que o carinha do meu lado era um folgado que ocupava todo o braço da poltrona e olhamo-nos incrédulos. Na sequência, um pensamento mais tranquilo “deve ter sido uma derrapagem ou algo menor, senão nos desviariam direto para Guarulhos”. Ao chegar em São Paulo e depois de 15 minutos aguardando a vez de aterrizar, passamos ao lado do avião da Pantanal, com as rodas quebradas, no meio da lama entre as pistas.
Era óbvio que a culpa não era dos controladores. É óbvio que as companias aéreas incharam a malha aérea sem investir em maiores aeroportos e sistemas. Qualquer pessoa com um pouco de noção percebe que multiplicar o número de usuários numa rede sem nenhum investimento causa caos. No caso de redes de computadores, além dos xingamentos dos usuários, nada de mais grave. No caso das vias aéreas, são centenas de vidas em jogo. Ontem me peguei agradecendo por ter pousado sã e salva.
Mas como explicar pra este povo que só de Bolsa Esmola não vive um país? Como divulgar uma entrevista onde vi o presidente da Gerdal falando que em um projeto de implantação de metodos de gerenciamento corporativo em várias cidades no Brasil tinham economizado mais de 1,5 bilhão de reais? Um bilhão e meio de reais… apenas em uma das cidades… antes escoados em corrupção. Vem cá, cara, como este pessoal consegue dormir?
Até agora tenho me apegado a minhas crenças e dito a mim mesma que não é minha hora, nada vai acontecer. Que é mais seguro voar que viajar nestas estradas. Mas é dificil não copiar o blog da Soninha: “Todo mundo incrédulo, chocado, perguntando “você está vendo?”, querendo ajuda para aceitar a notícia. Um pouso normal já é um momento tenso, desconfortável. A reversão dos motores, o choque com o solo, a inércia pressionando o corpo e a cabeça contra o banco da frente. Não consigo deixar de me imaginar lá dentro; de sentir o pavor das pessoas, a sensação de “é agora”. “Eu vou morrer agora”… torna a mais a cena mais plausível, mais realista. Quando e como será a minha hora? Passei hoje de manhã na frente do aeroporto; quando iria imaginar que a qualquer momento um avião podia cruzar a pista na minha frente?”
É … ontem eu fiquei do mesmo jeito que está descrito no seu blog … cheguei a sentir dor no estomago … aff . Uma morte em um acidente de carro é uma fatalidade … mas isso ??? eu sei que hoje estou mais revoltada do que todos os outros dias … 😦